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Letrado; pós-graduando. Um poeta, um sonhador. Qual tolice maior seria não crer que o amor é a infinita busca d'alma humana.

Friday, August 04, 2006

“A historia que a Manhã ouviu do Vento e contou ao Tempo pra ganhar a Rosa Azul”

“Se fosse reescrever hoje o "Gato malhado e a andorinha sinhá" terminaria a história com os dois juntos. Naquela época eu era muito jovem... ainda não acreditava no impossível”. (Jorge Amado)


E por não acreditar no impossível Jorge Amado escreveu um dos seus mais emocionantes desfechos, e por que não o mais triste. É impossível segurar as lágrimas quando Sinhá deixa-se dominar, aceitando se casar com o Rouxinol e renunciando seu amor pelo Gato Malhado, que desiludido parte sem rumo e sem nenhuma esperança. A estória que no início se parece muito com os famosos contos de fadas, ganha uma magia e um tempero diferencial, quando aborda temas tão comum a nossa atualidade, como o preconceito as diferenças. Sendo impossível que qualquer espectador não se identifique com a trama e com as personagens, tanto Sinhá quanto o Gato têm muito da essência humana, são personagens facilmente encontrados em nosso dia-a-dia. E quem nunca se sentiu como o Gato Malhado, desdenhado por amor que lhe deu muitas esperanças e lhe ensinou muitas coisas, mas que por covardia e o medo de ser feliz preferiu renunciá-lo. Ou uma Andorinha Sinhá que encontrou em seu oposto toda a felicidade que almejava e sentiu seu coração ferver de amor, mas as pressões e a falta de garras para lutar a fizeram desistir.
E de quem é a culpa deste grande dissabor? Não condenem só o pai da obra!
Na verdade existe mais de um culpado... Sinhá, o Gato, o Rouxinol, ou melhor, todos.
O amor proibido entre Sinhá e o Gato, torna-se mais que proibido não só pelas diferenças visíveis entre eles, mas também pela hipocrisia de outros, responsáveis por alimentar o preconceito. Jorge usou os animais para nos mostrar uma coisa que fazemos constantemente, descriminar aquilo que não seja da forma que queremos ou que a sociedade impõe; mostrando-nos que nem o amor é capaz de vencer os preconceitos. O próprio autor disse que não deixou Sinhá com o Gato, pois era jovem e não acreditava no impossível, mas na verdade ele sabia que naquela época seria difícil que os paradigmas fossem quebrados, a tal ponto que um casal “estranho” tivesse um final feliz. Até mesmo hoje não é assim tão fácil conviver fora dos padrões de uma sociedade que é tão medíocre a ponto de ocultar seus preconceitos.
Enfim... Por mais que se tenha amor é difícil enfrentar os obstáculos, principalmente quando tudo é contra esse sentimento, até mesmo você! Pois Sinhá e o Gato também foram culpados ao deixarem se levar pelo preconceito alheio, e não lutarem pelos seus verdadeiros anseios.

E você já encontrou seu gato malhado ou sua andorinha sinhá?

Já sentiu por mais que sejam diferentes que são iguais;
Já se sentiu livre, nas nuvens, nas alturas só de se aproximar.
E não soube explicar este sentimento...

"Que é como uma febre

Um desejo Ardente

É como um temporal lavando o mar

Assim tão derrepente

É como uma chama

Alastrando ao vento

É como um furacão varrendo o ar assim num só momento."

Sempre existirá dentro de nós...

UM GATO MALHADO OU UMA ANDORINHA SINHÁ!

foto: orkut http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=6111094853018719794

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